Conferência da OMS ressalta impacto da mudança climática na saúde
O mundo deve se preparar para os
impactos potencialmente devastadores das mudanças climáticas na saúde humana,
disseram autoridades de várias partes do mundo reunidas em Paris nesta
quinta-feira (07 de julho 2016).
Algumas dessas consequências
podem ser evitadas se a humanidade diminuir radicalmente o uso de combustíveis
fósseis nas próximas décadas, mas muitas delas já estão sendo sentidas,
disseram os participantes na abertura de uma conferência de dois dias
organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Saúde e clima são indissociáveis
porque a saúde humana depende diretamente da saúde do planeta”, afirmou a
ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal.
Royal, que também é presidente
rotativa das conversações da ONU sobre a melhor forma de lidar com o aquecimento
global, disse que os impactos na saúde devem desempenhar um papel mais central
nas futuras negociações.
“De agora em diante, vou fazer o
meu melhor para garantir que a saúde esteja integrada em todas as futuras
conferências sobre o clima”, começando com um fórum especial na próxima reunião
climática da ONU em novembro em Marrakesh, na qual participarão 196 nações,
disse a ministra à AFP.
No Acordo de Paris, assinado em
dezembro do ano passado, os países se comprometem a limitar o aquecimento global
bem abaixo de 2º Celsius, além de ajudar as nações pobres a lidarem com seus
impactos.
Um número crescente de estudos
científicos prevê um cenário alarmante de sofrimento humano causado por
alterações nos padrões climáticos, elevação dos mares, secas e
supertempestades.
Além disso, os casos de doenças
tropicais como malária, dengue e zika, entre outras, estão aumentando conforme
os insetos que as transmitem se espalham com o aquecimento global.
Setor da saúde
’sub-representado’Ondas de calor extremas que deverão ocorrer a cada década, em
vez de uma vez por século, vão fazer mais vítimas, especialmente entre doentes
e idosos.
Em 2005, a OMS estimou que
períodos quentes provocavam 150.000 mortes anualmente. Mais de 45.000 morreram
só na Europa devido a uma onda de calor no verão de 2003.
A maior preocupação de todas
talvez seja a ameaça para o abastecimento alimentar global.
Podemos alimentar tantas
pessoas – nove bilhões na metade do século, segundo projeções da ONU – “quando
o clima que nos sustenta está mudando de maneira tão adversa?”, perguntou à
plateia Letizia Ortiz, rainha da Espanha e embaixadora especial para a
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
Muitos alimentos básicos,
especialmente nos países em desenvolvimento, não podem se adaptar rápido o
suficiente às mudanças do tempo, resultando em rendimentos mais baixos.
Os peixes, que são a principal
fonte de proteína para bilhões de pessoas, não só escassearam pela colheita
industrial, mas estão migrando conforme os oceanos aquecem e os recifes de
coral morrem.
Às vezes a saúde é mais
prejudicada pelas fontes, e não pelos impactos, das mudanças climáticas
provocadas pelo homem.
A OMS estima que sete milhões de
pessoas morrem a cada ano por causa da poluição do ar, que também contribui
para o aquecimento global como um gás do efeito estufa.
“O setor da saúde tem sido
sub-representado nesta discussão, quando você pensa sobre os milhões de vidas
que serão afetados, e até mesmo perdidas”, disse Richard Kinley, chefe interino
do fórum climático da ONU.
“O mundo já está comprometido com
níveis altos de alteração climática. O setor da saúde terá que lidar com as
consequências”, completou Kinley.
A Segunda Conferência Global
sobre Saúde e Clima terminará na sexta-feira com uma proposta de “programa de
ação” para os governos nacionais.
Fonte: UOL
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