REFAUNAÇÃO & DEFAUNAÇÃO


Refaunação

No inglês, rewilding - é uma ação de conservação cujo objetivo é restaurar e proteger os processos naturais de ecossistemas prejudicados pela extinção local de espécies, através da reintrodução destes animais extintos nestes ambientes. O termo foi criado nos anos 90 pelo conservacionista e ativista Dave Foreman, como um método para preservar os ecossistemas funcionais e reduzir a perda de biodiversidade.

Estudos recentes revelam surpreendentes taxas de declínio e extinção de animais e confirmam a importância das espécies animais para o funcionamento dos ecossistemas: eles proveem alimento, polinizam e dispersam plantas, controlam pragas e doenças. De forma mais ampla, esses estudos demonstram que, ou revertemos o ritmo dessa perda (a defaunação), ou os seus danos tornarão a própria vida humana insustentável. Não basta apenas a preservação de áreas naturais ou reflorestamento de territórios outrora degradados. É preciso também recuperar a biodiversidade animal destas áreas.

A reversão ativa da extinção de animais é uma proposta tão desafiadora quanto a prevenção de extinções. As tentativas em curso incluem a reprodução de animais em cativeiro com a esperança da reintrodução de espécies predadoras e espécies-chave em áreas onde estas se tornaram localmente extintas e na conexão de áreas protegidas fragmentadas, através de corredores ecológicos.

Um exemplo bem próximo é o do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia). Nas florestas da Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro, esta espécie foi quase extinta, mas graças a um bem-sucedido projeto de refaunação foi possível recriá-la em cativeiro e reinseri-la em seu habitat. Após três décadas de esforço, os micos que estavam prestes a desaparecer, agora são comuns nas matas.

A preservação desta espécie vai além de um ato de benevolência: esse primata é um eficiente dispersor de sementes. As sementes são a base de uma rica vegetação que, por sua vez, servirá de filtro biológico para proteger rios e córregos que, enfim, serão importantes fontes de água potável.

São cada vez mais comuns os projetos de refaunação ao redor do mundo, vários bem-sucedidos. A Escócia conseguiu recuperar os porcos selvagens após um crítico declínio populacional provocado pela caça: por lá, esses animais também são importantes dispersores de sementes e aram o solo. Na Europa, desde 2011, a iniciativa "Rewilding Europe" (em tradução livre, Fazendo refaunação na Europa) tem propostas como refaunar 1 milhão de hectares de terra no oeste da Península Ibérica até 2020, com espécies ameaças nativas do continente. Outros projetos da mesma iniciativa incluem ações de refaunação no delta do rio Danúbio, sul das montanhas Cárpatos e montanhas Alpeninos.

Defaunação

É a diminuição acelerada e drástica de espécies animais, com efeitos negativos sobre a demografia, diversidade biológica e a manutenção de ecossistemas. Esta perda global de espécies é reconhecida hoje como um problema tão grave e impactante quanto o desmatamento: do maior mamífero ao menor inseto, o desaparecimento de animais também alterará forma e função dos ecossistemas dos quais toda a humanidade depende. Pior, a perda da fauna é um evento que passa despercebido. Enquanto imagens de satélite podem detectar mudanças rápidas de desmatamento, é mais difícil perceber que uma espécie animal desapareceu.

A perda de espécies sempre ocorreu na história da Terra, pois pode ser causada por motivos como catástrofes naturais de grande impacto ou eventos geológicos, como erupções de vulcões, terremotos ou glaciação. Há 11,5 mil anos, no período Pleistoceno, a fauna planetária era mais abundante e diversa do que nos tempos atuais. Mas, desde então, o número e a diversidade de espécies animais têm declinado. Mamutes e tigres dentes-de-sabre estão entre espécies emblemáticas que foram extintas a partir daquela era.

A maioria das evidências científicas sugere que são os seres humanos os responsáveis por estas extinções, provocadas por atividades como destruição de habitat, ecossistemas e a caça.

Para a comunidade científica, outro indício do papel humano é a rapidez de desaparecimento da biodiversidade. A velocidade de extinções é estimada em mil vezes superior àquela com que esse processo ocorreria naturalmente. Estima-se que existam atualmente entre 5 e 9 milhões de espécies animais no planeta e, no atual ritmo, perde-se a cada ano algo em torno de 11 mil a 58 mil. Neste ritmo, este pode se tornar um período de extinção em massa, tal qual as 5 grandes extinções do passado.
Declínios do número e população de espécies ocasionam um efeito cascata sobre o funcionamento dos ecossistemas, que também afetam o bem-estar humano através da perda de serviços ambientais imprescindíveis à sua sobrevivência. Os animais proveem alimento, polinizam e dispersam plantas, além de ajudar a controlar pragas e doenças.

Por exemplo, o processo de polinização corre risco. Insetos polinizam 75% da produção agrícola do mundo. A redução na fauna de abelhas e outros polinizadores pode reduzir a produção de alimentos. A defaunação também afeta a qualidade da água: o declínio de sapos e pererecas permite o aumento das algas e detritos que os alimentam. Isso contribui para a eutrofização de corpos d'água, que se tornam impróprios para o consumo e para a própria vida aquática.



Fonte: www.oeco.org.br

Comentários

Postagens mais visitadas