Perda da Biodiversidade
Três espécies de seres vivos
deixam de existir a cada hora no planeta Terra. São aproximadamente cem
espécies extintas por dia. A conta é do biólogo Edward Wilson, um dos
responsáveis pela popularização do termo biodiversidade. Hoje, essa palavra
está na moda, mas seu real significado corre grande risco.
Ao mesmo tempo que o homem avança
na busca por mais conhecimento, poder e conforto, deixa grandes rastros no meio
ambiente, dando aos outros seres vivos duas “escolhas”: adaptar-se ou deixar de
existir. De um jeito ou de outro, essas mudanças acarretam em distorções
nocivas e irreversíveis no modo de vida desses seres. No fim das contas, o que
sempre acontece é a extinção das espécies. Se continuarmos nesse ritmo, ainda
na metade deste século o número de espécies extintas poderá superar o dos
grandes eventos de extinção que ocorreram no passado geológico da Terra, como
aconteceu com os dinossauros, por exemplo.
A diferença é que as grandes
extinções em massa do passado ocorreram muitas vezes de forma lenta e gradual e
resultaram da ação de fenômenos naturais. Diferentemente, as extinções atuais
são provocadas pela atividade humana e pelo crescimento populacional
descontrolado. Ou seja, o que acontece hoje é praticamente extermínio.
Vamos entender mais sobre a
importância da preservação da biodiversidade, e o que sua redução acarreta para
todos, inclusive para o “bicho homem”.
As causas
e consequências da perda de biodiversidade
Imagine a seguinte situação: você
passou toda a vida com sua família harmoniosamente em uma cidade onde estão
seus melhores amigos, sua escola, o trabalho dos seus pais, mercados, lazer e
tudo mais que você precisa para viver. De repente, chega um grupo de
alienígenas e decide viver na sua cidade. Mas eles simplesmente tomam conta de
tudo e deixam você sem nada do que possuía antes. Que opções você tem (se é que
tem)? Resta mudar para outro lugar e enfrentar muitas dificuldades na tentativa
de reaver sua vida anterior. É muito provável que você não tenha sucesso nessa
empreitada e, neste caso, você pode não sobreviver à mudança. O desaparecimento
da sua cidade como era antes vai causar, além de tudo isso, uma quebra nas
relações que seu povo tinha com outras cidades, como compra e venda de
produtos, acordos de proteção mútua, etc. Ou seja, indiretamente, aquela ação
dos alienígenas causou um grande desequilíbrio em toda a região. Outra hipótese
seria a de que o seu povo decidisse lutar contra os forasteiros, o que causaria
muitas perdas para os dois lados.
Parece uma cena de filme de
ficção científica, mas é o que acontece quando se fala em redução da
biodiversidade. É importante lembrar que todos os seres, incluindo os humanos,
estão conectados e dependem uns dos outros (como na cadeia alimentar, por exemplo).
Desta forma, à medida que destruímos a biodiversidade, colocamos em risco nossa
própria existência.
Entre as principais causas da
perda de biodiversidade, podemos citar:
- Destruição e diminuição dos
habitats naturais;
- Introdução de espécies exóticas e invasoras;
- Exploração excessiva de espécies animais e
vegetais;
- Caça e pesca sem critérios;
- Tráfico da fauna e flora silvestres;
- Poluição do solo, água e atmosfera;
- Ampliação desordenada das fronteiras
agropecuárias dentro de áreas nativas;
- Mudanças climáticas e aquecimento global.
Como consequência dessa perda, as
populações humanas sofrerão uma queda significativa da qualidade de vida, que
refletirá diretamente em pontos como o suprimento de alimentos e manutenção da
saúde, a vulnerabilidade a desastres naturais, redução e restrição do uso de
energia, diminuição da oferta e distribuição irregular de água potável, aumento
de doenças e epidemias, instabilidade social, política e econômica, entre
outros.
Em março de 2006, os signatários
da Convenção sobre Diversidade Biológica estiveram reunidos no Brasil, na
cidade de Curitiba, para a COP8 (Oitava Conferência das Partes da Convenção
sobre Diversidade Biológica), durante a qual foi lançado um relatório alarmante
sobre a destruição da biodiversidade no Planeta. Entre os dados que constam do
documento estão, por exemplo, o de que só entre 1970 e 2000 caiu em 40% a
diversidade de espécies animais. A perda anual de florestas na atual década tem
sido de 6 milhões de hectares (o equivalente a cerca de 8 milhões de campos de
futebol). O documento também chama atenção para o aumento da intensidade e da
variedade das ameaças à biodiversidade causadas pela ação humana, destacando a
introdução de espécies invasoras em ecossistemas alheios por meio de navios
turísticos ou de carga, causando distorções na cadeia alimentar, sem falar do
aumento desenfreado do consumo.
Sabia que para satisfazer o
padrão atual de consumo do homem, a Terra teria que aumentar em 20% sua
capacidade de renovar os recursos naturais?
Para amenizar este problema, o
documento propõe medidas como a criação de programas nacionais de proteção ao
meio ambiente. Nesse ponto, o estudo indica que há avanços significativos por
parte de praticamente todos os países signatários. O Brasil está na vanguarda:
tem uma das mais avançadas legislações ambientais do mundo. O problema está no
cumprimento dessas leis, o que toca no segundo ponto importante proposto pelo documento
da CDB: investir em pessoal e estrutura para a proteção da biodiversidade. Só
para citar um exemplo, um outro relatório, emitido pela ONU em setembro de
2007, aponta que, dos 2.684 locais identificados pelo Ministério do Meio
Ambiente como áreas que precisam de projetos especiais de preservação, apenas
1.123 estão sendo devidamente atendidas. Voltando ao documento da CDB, ele
também indica a importância de inserir o cuidado com o meio ambiente na agenda
do empresariado, principalmente dos ramos de alimentos e energia, dois dos que
mais contribuem para o aquecimento global.
Defender a biodiversidade não é
“papinho de ambientalista”. É lutar pela minha sobrevivência, a sua e a de
nossos filhos, netos, bisnetos... É hora de repensar nossa posição como espécie
dominante do Planeta e dar uma nova orientação à ciência e à tecnologia na
busca de soluções que nos tirem dessa enrascada.
Fonte: www.educacional.com.br
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