Brasil: país que não cumpre suas leis apenas ganham tempo ampliando seus prazos
Entenda o
que a Lei 12.305 sugeria
A Lei 12.305, que instituiu a
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), demorou 19 anos para ser votada
no Congresso. O desafio de acabar com os lixões, implementar planos de
logística reversa e responsabilidade compartilhada entre cada integrante da cadeia
produtiva (empresas, governo e consumidores) não justifica quase duas décadas
para a matéria virar instrumento jurídico, mas a implementação da lei, tendo
como primeiro teste a apresentação dos planos das prefeituras periga
transforma-la em letra morta.
De acordo com a legislação, até agosto
2014 deveriam ser eliminados todos os lixões do Brasil. Para isso, será preciso
implantar aterros sanitários, o que não se faz da noite para o dia. As cidades
e estados que não tiverem plano de gestão não vão poder solicitar recursos para
fazer isso.
Segundo estimativa da
Confederação Nacional dos Municípios, mais da metade dos municípios brasileiros
ainda não elaboraram os planos de gestão de resíduos.
Vergonha
a moda Brasileira
3 de agosto de 2014. Esta foi a
data limite para o fim dos depósitos de lixo a céu aberto (os populares
"lixões"). O prazo foi estabelecido pela "Lei do Lixo"
(especificamente o artigo nº 54 da Política Nacional de Resíduos Sólidos -
PNRS). Isso significa que os municípios brasileiros, para se adequar a nova
legislação, teriam que criar leis municipais para a implantação da coleta
seletiva.
Em uma nota, segundo Silvano
Costa (Diretor do Departamento de Ambiente Urbano do Ministério do Meio
Ambiente), sobre uma possível previsão de quando a PNRS estará sendo aplicada
em todos os seus níveis:
"Há uma meta na Lei, um prazo para
que os lixões sejam eliminados, que é Agosto de 2014. O Governo Federal tem se
esforçado para cumprir sua parte, mas isso também depende muito dos municípios.
Aí vai ter que ser feita uma ação importante para a implantação dos aterros,
fazer a inclusão dos catadores nesses locais, retirando-os dos lixões. É uma
meta difícil, mas não impossível de ser batida. Em 2000, 35% dos resíduos
gerados acabavam em aterros. Em 2008, este índice saltou para 58%. Houve uma
redução significativa dos resíduos que iam para os lixões e um aumento dos que
vão para aterros controlados – isso em um período que não tinha tantos
investimentos do Estado, e tampouco lei específica, o que nos deixa otimistas".
Infelizmente viver de otimismo no
Brasil demanda da boa vontade em conjunto e quando isso não ocorre, alem das
frustrações vem o relaxamento para com as leis e por fim acabam sendo
engavetadas, e neste caso quem paga com isso é o Meio Ambiente.
Como esta
a situação
O Brasil tem atualmente 2.202
municípios com aterros sanitários, o que representa 39,5% das cidades do país.
Apesar de mais da metade das cidades ainda terem lixões, 60% do volume de
resíduos já está com destinação adequada.
Isso não descarta com a extensão
dos prazos, estes assuntos serem engavetados, pois o brasileiro já esta
acostumado a deixar para fazer as coisas sempre em último momento.
Será que
tudo acabara em pizza
As prefeituras terão mais quatro
anos para colocar fim aos lixões, criando aterros sanitários, segundo emenda
incluída no texto da MP (Medida Provisória) 651, em tramitação no Congresso. O
prazo para que os municípios se adequassem à Lei de Resíduos Sólidos,
promulgada em 2010, terminou em agosto deste ano.
Boa parte das prefeituras,
contudo, não seguiu as determinações. A lei prevê multa e até prisão aos
prefeitos no caso de descumprimento.
A emenda que permite o
alongamento do prazo foi incluída nesta quinta-feira 9 de outubro de 2014 numa errata, publicada
após a aprovação da proposta de conversão da MP em lei pela Comissão Mista
criada para apreciá-la. O texto estabelece que as prefeituras tenham até 2018
para implantar a "disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos".
Também houve alteração no artigo
que previa o bloqueio do acesso a recursos e financiamentos da União por
Estados e municípios sem plano de resíduos sólidos formulados.
Desde 2012, tal condição já
poderia ser exigida na liberação de recursos. Agora, somente a partir de 2016.
A MP tem de ser apreciada pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado até o dia 6 de novembro ou perderá a
validade.
O texto traz alterações na
tributação de operações na Bolsa, estabelece créditos tributários a
exportadores e prevê novo prazo para adesão ao Refis (programa de parcelamento
de débitos com a União), entre outras determinações.
Lixões na
ativa
O governo já vinha acenando com a
flexibilização das punições às prefeituras que não haviam cumprido as
exigências da lei. Alegando incapacidade técnica para executar os projetos e
falta de dinheiro para implantar os aterros, a maior parte dos municípios
manteve os lixões.
Matéria da Folha de São Paulo
publicada em agosto 2014, mostrou que dos 34 maiores lixões do país, 20 continuavam
a funcionar, apesar de o prazo estipulado por lei para o fim desses depósitos
irregulares ter expirado.
Nota
Durante a tarde, a ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi pessoalmente ao Congresso para se
encontrar com Alves a fim de expressar a contrariedade do governo com a
prorrogação do prazo para cumprimento da Lei de Resíduos Sólidos. A lei, que é de 2010, fixou o mês de agosto 2014
como prazo máximo para a substituição dos lixões por aterros sanitários.
No plenário, a maioria dos
partidos votou para dar mais tempo aos municípios sob o argumento de que ainda
não estão preparados nem dispõem de recursos para a construção de aterros
sanitários. O PV, o PSOL, o PP e o Pros foram os únicos partidos que
discordaram da ampliação do prazo e queriam a aplicação imediata da Lei de
Resíduos Sólidos. (Fonte: G1)
Fonte: www.gazetadopovo.com.br e Luiz Henrique Lopes
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