Nitrato de fertilizantes fica por décadas no solo


As substâncias químicas são parte indispensável de nossas vidas e seus benefícios são enormes para a melhoria da qualidade de vida e a proteção da saúde. No entanto, os riscos que representam também são enormes. Por isso, devemos enfrentá-los em todo o ciclo de vida do produto químico, desde a sua elaboração, produção, transporte e utilização, até sua estinação final.
Indústrias químicas no mundo
Há hoje no mundo, segundo o CAS (Chemical Abstracts Service), quase 42 milhões de produtos químicos comercializáveis e 280 mil sustâncias cadastradas. A produção anual cresceu de forma extraordinária, passando de um milhão de toneladas em 1930 para 400 milhões de toneladas no ano 2000 (Carta de Copenhague sobre Químicos, Outubro/2000).
As vendas anuais da indústria química giram em torno de US$3,7 trilhões (ACC, CEFIC), empregando cerca de 10 milhões de trabalhadores em todo o mundo (ICCA, 2007). Uma das principais características do setor é a forte concentração (os 10 países com maior produção representam cerca de 70% do faturamento mundial - Forbes, 2008). Outra característica recente é o deslocamento das indústrias mais perigosas ou poluentes dos países industrializados para os países em desenvolvimento, motivado pelos custos trabalhistas e o acesso à energia e a matérias primas.
Dados gerais sobre fertilizantes
O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, sendo mais da metade importada. A correção da acidez do solo e a adubação mineral, sobretudo com N, P e K, representam a maior parcela dos custos variáveis de produção de culturas no País, normalmente acima de 30%.
A expansão de cultivos tecnificados com espécies anuais oleaginosas, cereais e fibras está entre as principais causas da crescente demanda por fertilizantes e sua importação. No campo, a cada dia aumenta o número de agricultores que fazem adubações desnecessárias ou superdimensionadas visando incrementos adicionais de produtividade, sem maiores critérios de dosagem dos fertilizantes, devido à carência de informações atualizadas e respaldadas pelas instituições de pesquisa.
Por outro lado, a eficiência do uso de fertilizantes é relativamente baixa, de modo que a quantidade de nutrientes aplicados via fertilizantes são maiores que as quantidades efetivamente requeridas.
Diante desse cenário, sob os aspectos econômico, ambiental e social, é de extrema importância o uso de novas fontes e alternativas tecnológicas ou de manejo que possam aumentar a eficácia de uso de fertilizantes e, consequentemente, reduzir as quantidades aplicadas.
Em 2009 o Brasil processou 1,11 milhão de toneladas de uréia, e quase 60% desse total saiu de unidades da Petrobras.
Mas outros 2,21 milhões de toneladas foram importados para atender à demanda. Já no caso da amônia, foram produzidas 185 mil toneladas para uma demanda de 505 mil toneladas. A expectativa é de que, com quatro novas fábricas projetadas, o Brasil seja autossuficiente na produção de amônia e atenda com produção própria a 90% da demanda de uréia.
Fertilizantes de Nitrato Sintético
Fertilizantes de nitrato sintético, usados na agricultura de larga escala, podem deixar um legado de poluição que persiste por décadas no solo e na água subterrânea, advertiram nesta segunda-feira 21 de Outubro de 2013, cientistas em França e Canadá.
Nitrato em excesso no meio ambiente tem sido vinculado à água potável contaminada e pode causar o rápido crescimento de algas que comprometem ecossistemas aquáticos e vida marinha costeira.
Para descobrir quanto nitrato foi deixado para trás ao longo do tempo com atividades agrícolas em uma única área, cientistas se concentraram em um campo na França, onde os cultivos eram trigo e beterraba.
O estudo, publicado no periódico americano Proceedings of the National Academy of Sciences, rastreou os níveis de nitrato no solo entre 1982 e 2012.
Os cientistas descobriram que de 12% a 15% do nitrato de fertilizantes ainda estava presente no solo 28 anos depois da aplicação.
De 61% a 65% tinham sido absorvidos por plantas e de 8% a 12% já tinham penetrado os lençóis freáticos.
Segundo o estudo, espera-se que parte do nitrato que permanece no solo continue a ser absorvido por cultivos e penetre o lençol freático durante mais cinco décadas.
Pesquisas anteriores realizadas na bacia do rio Mississipi demonstraram que níveis elevados de nitratos permanecem no rio apesar de interrompidas as aplicações humanas.
Portanto, segundo os autores, os esforços para restaurar a terra e os cursos d’água “precisam levar em conta o atraso resultante de legados de aplicações passadas de fertilizantes sintéticos em sistemas agrícolas”. 

Comentários

Postagens mais visitadas