Cientistas brasileiros avançam na busca de medicamento para a malária
Depois de dois anos de estudos,
grupo de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da
Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Biológico de São
Paulo, já conseguiu percorrer metade do caminho no projeto que tem como objetivo
descobrir um medicamento de cura da malária. De acordo com o instituto, os
tratamentos disponíveis estão se tornando obsoletos porque o agente causador da
doença aprendeu a “driblar” o efeito dos remédios existentes.
A busca da equipe de estudiosos concentra-se,
agora, em atacar uma das proteínas que alimentam o parasita Plasmodium
falciparum, o agente causador do tipo mais agressivo da doença.
O professor Rafael Victorio
Carvalho Guido, coordenador do estudo, explicou que existem nove proteínas agindo
em conjunto para o ciclo vital do parasita: uma delas, o enolase, é fundamental
para a sobrevivência do Plasmodim falciparum.
“Se conseguirmos inibir a ação
dessa enzima, responsável por levar energia ao parasita, poderemos levar o
Plasmodium à morte”, disse o cientista. Ele reconheceu, contudo, que ainda
existem muitas barreiras a serem vencidas até chegar à fase de ensaios clínicos
e ao remédio de combate efetivo da malária.
Passo importante nessa meta foi a
definição inédita no mundo da estrutura tridimensional em alta resolução do
enolase. A partir daí, os cientistas pesquisar uma molécula capaz de fazer a
ligação com o conjunto de enzimas e neutralizar a ação do enolase na rota da
glicose ou no processo de produção de energia para o parasita.
“O nosso êxito nesse trabalho tem
um forte apelo social”, disse o professor Rafael, lembrando que entre as
principais vítimas – com risco de morte - estão crianças menores de 5 anos. De
acordo com o IFSC, o relatório Derrotando a malária na Ásia, no Pacífico, nas
Américas, Oriente Médio e Europa, produzido pela Organização Mundial das Nações
Unidas (ONU), em 2010, indicou que naquele ano foram registrados 34 milhões de
casos da doença no Continente Africano.
Os avanços já obtidos pelos
cientistas brasileiros no trabalho foram premiados na 36ª Reunião da Sociedade Brasileira de
Química, ocorrida em maio deste ano. A equipe é formada pelos pesquisadores
Fernando V. Maluf, Evandro J. Mulinari, Eduardo A. Santos, Glaucius Oliva,
Celia R. S. Garcia e Rafael V. C. Guido.
Malária
A malária caracteriza-se pela
ocorrência de um quadro infeccioso cujos sintomas são febre aguda, dor de
cabeça, dores pelo corpo, fraqueza e calafrios. Ela é transmitida pela fêmea do
mosquito do gênero Anopheles e pode evoluir, rapidamente, para um estágio mais
grave. Segundo o Ministério da Saúde, a doença é reconhecida como grave
problema de saúde pública no mundo, atingindo quase metade da população em mais
de 109 países. As estimativas de incidência são de 300 milhões de novos casos e
1 milhão de mortes por ano.
Dados do Ministério da Saúde
indicam que, embora o número de casos tenha caído entre 2010 e 2011, no país, a
incidência ainda é grande. Passou de 334.709 para 267.049, tendo aumentado
muito no Amapá, onde foram registrados 18.998 casos, em 2011 ante 15.388, em
2010.
Fonte: www.agenciabrasil.ebc.com.br
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