Efeitos das atividades Urbanas


Você não precisa viver em uma cidade – ou mesmo perto de uma – para que as atividades urbanas afetem seu clima, de acordo com um novo estudo.
Pesquisadores usando um modelo computadorizado da atmosfera concluíram que as atividades das áreas urbanas podem aquecer o ar a mais de 1600 quilômetros de distância. Em algumas áreas, esse aumento foi maior do que um grau Celsius (1,8 grau Fahrenheit).
As mudanças de temperatura foram causadas pelo comportamento humano nas cidades, como o aquecimento causado por edifícios e veículos no lugar do calor natural, que é absorvido pelas superfícies pavimentadas. O calor entra na atmosfera diretamente acima das cidades, segundo os cientistas, mas depois é disperso pelos movimentos naturais das corrente globais.
Ao mesmo tempo, no entanto, ao afetar o movimento do ar na atmosfera, o calor dos centros urbanos resulta também em ar mais frio em algumas partes do mundo, incluindo certas partes da Europa.
O estudo, conduzido por cientistas da Universidade Estadual da Flórida, da Instituição Scripps de Oceanografia e do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos, foi publicado no periódico Nature Climate Change. Ele se baseou em dados climáticos da Organização das Nações Unidas e em vários relatórios publicados sobre o consumo de energia per capita.
O aumento da temperatura pode explicar o motivo de algumas áreas estarem enfrentando invernos mais quentes do que modelos climáticos computadorizados haviam projetado, segundo os pesquisadores. Para melhor representar os efeitos do aquecimento global, cientistas do clima devem considerar a incorporação dos efeitos das zonas urbanas, concluíram eles.
Entenda como ocorre o fenômeno
Os cientistas especializados em clima estão mais certos do que nunca de que os humanos são responsáveis pelo aquecimento global, pela elevação dos níveis das marés e pelos casos de clima extremo, de acordo com um relatório preliminar feito por um painel de especialistas.
O documento preliminar, que foi vazado e ainda pode ser modificado antes da divulgação da versão final em 2013, mostrou que o aumento nas temperaturas médias globais desde a era pré-industrial deve exceder os 2 graus Celsius até 2100, e pode chegar a 4,8 graus Celsius.
"É extremamente provável que as atividades humanas tenham causado mais da metade do aumento observado na média global das temperaturas da superfície desde os anos 1950", diz o relatório preliminar do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).
Na linguagem usada pelo IPCC, "extremamente provável" significa um nível de certeza de ao menos 95 por cento. O nível seguinte é "praticamente certo", ou 99 por cento, a maior certeza possível para os cientistas.
O relatório anterior do IPCC, de 2007, informou que havia uma certeza de ao menos 90 por cento de que as atividades humanas, principalmente a queima dos combustíveis fósseis, eram a causa do aumento das temperaturas.
O documento preliminar apareceu em um blog cético à mudança climática.
O IPCC informou que o post prematuro e não autorizado com o documento poderá provocar confusão, porque o relatório ainda estava sendo feito e provavelmente mudaria antes de sua divulgação.
Uma conferência da Organização das Nações Unidas na semana passada, destinada a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, não produziu avanço. Três países - Canadá, Rússia e Japão - abandonaram o Protocolo de Kyoto e seus limites às emissões.
Os EUA nunca ratificaram o pacto. O Protocolo também exclui os países em desenvolvimento, onde as emissões aumentam com maior rapidez.
Um grupo de países concordou em estender o Protocolo de Kyoto até 2020, mas o conjunto é responsável por menos de 15 por cento das emissões mundiais de gases-estufa. As nações em desenvolvimento afirmaram que pressionarão, no ano que vem, por um mecanismo radical da ONU que os compense pelo impacto da mudança climática.
O IPCC afirmou ter um alto grau de confiança de que a atividade humana tenha causado as mudanças em larga escala nos oceanos, nas placas de gelo ou nas geleiras das montanhas e nos níveis dos oceanos na segunda metade do século 20, de acordo com o relatório preliminar.
O documento afirma que os casos de clima extremo também mudaram em razão da influência humana.
Ameaças às cidades
O relatório prevê cenários com um aumento nas temperaturas entre 0,2 e 4,8 graus Celsius neste século - uma faixa mais estreita do que em 2007. Mas em quase todos os cenários o aumento seria maior do que 2 graus Celsius.
Em 2010, governos de vários países prometeram tentar conter o aumento global de temperaturas em mais de 2 graus, considerado pelos cientistas o limite máximo a fim de evitar mais climas extremos, secas, inundações e outros impactos da mudança climática.
As concentrações de dióxido de carbono na atmosfera eram as mais altas em 800 mil anos, segundo o relatório preliminar. O documento também afirma que os níveis dos oceanos devem subir para entre 29 e 82 centímetros até o fim do século - em comparação com os 18 a 59 centímetros projetados no relatório de 2007.
O aumento no nível dos oceanos pode ameaçar os habitantes de áreas de baixa altitude, de Bangladesh às cidades de Nova York, Londres e Buenos Aires. O fenômeno aumenta o risco de ondas de tempestades, erosão na costa e, no pior dos casos, a inundação completa de grandes áreas de território.

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