Passo a Passo para fazer um Aquecedor Solar


O aquecimento solar só traz vantagens para o usuário e o meio ambiente. A economia, se utilizado corretamente é muito grande. O conforto então nem se fala. Reduzindo o consumo de energia do chuveiro, da torneira, etc., a diferença na conta de energia é muito significativa. Estudos revelam que a média de economia chega a 60% no sudeste e sul. Embora, o chuveiro seja utilizado algumas horas por dia, no final do mês, a maioria dos casos ultrapassa a 50% do valor total do consumo. Serve para residências, hotéis, pousadas, hospitais, clubes, asilos, clínicas, laboratórios, escolas, igrejas, academias, acampamentos, etc.
O Brasil é o único país do mundo a utilizar o sistema de chuveiro elétrico de resistência como padrão nacional para banhos. Cada watt consumido, boa parte do dinheiro vai para o exterior através das multinacionais enriquecer ainda mais os países mais ricos, e criar um distanciamento econômico ainda maior entre os povos. Só temos uma saída para minimizar isto, que é reduzir o consumo de energia utilizando o sol que Deus dá de graça, para aquecer a água do banho e outras aplicações. É um método fácil e será explicado abaixo.Deixo bem claro que a responsabilidade técnica e civil é de quem desenvolver seu próprio sistema a partir destas informações que foram colhidas em bibliografias, sugestões e alguns experimentos pessoais; tanto é que recomendo sistema de fabricantes especializados, por vários fatores:
a-) Preconceito com o artesanal. Se não for bem construído pode causar uma má impressão. Geralmente uma pessoa abastada prefere um industrializado que é mais bonito, atinge maior temperatura, compacto, durável e serve de “status”.
b-) Tem empresas especializadas que fabricam aquecedores CPC1 especiais para hotéis e hospitais que fervem literalmente a água, servindo para autoclaves, pré-cozimento de alimentos, etc.
c-) Alguns fabricantes utilizam vidro composto de borocilicato, que resiste ao impacto de granizo.
História: Há mais de 30 anos atrás, assisti á um filme cujo nome não me lembro, em que colegiais tinham que formar grupo para fazer trabalho escolar de física. Entre os grupos formados alguns escolheram fazer aquecedor solar artesanal. Não tenho certeza dos detalhes técnicos, mas lembro que o trabalho seria aceito se a temperatura no reservatório atingisse no mínimo 50ºC e os materiais teriam que ser reciclados. Naquela época a energia elétrica aqui no Brasil era muito farta e quase ninguém conhecia um aquecedor solar ou sua importância. Nas construções a tubulação era feita de canos metálicos, cujas conexões eram com rosca e uma tinta com fibras de corda de cizal que funcionava como vedante, utilizando ferramentas manuais de tarraxas para fazer roscas. Isto de certa forma criava uma reserva de mercado de mão de obra para encanadores que tinham estas ferramentas. As tubulações de esgotos eram feitas de manilha de barro também vedadas com fibras de corda e piche derretido. Depois de alguns tempos foram aparecendo no mercado as fitas vedantes e também os canos de pvc e cola apropriada. Sei que no filme, os alunos procuravam nos lixões retalhos de canos que cortavam e faziam as roscas para o projeto. Também utilizavam latas colhidas de 20 litros, cortadas em formato de esteira e pintadas de preto fosco para fazer o coletor. Com o passar do tempo no Brasil surgiram pequenas empresas fabricantes de aquecedores solares que ainda estão no mercado e cresceram bastante. Depois, em livros especializados e na mídia surgiram muitas reportagens, e com o advento da Internet muitos projetos que podem ser construídos por pessoas mais interessadas.
Após analisar vários destes projetos, resolvi construir alguns modelos para testes e com o resultado conseguido, fiz algumas inovações que melhora o desempenho e resolvi divulgar este pequeno manual. A vantagem em construir um aquecedor solar artesanal é o fato de ser ecológico nos dois sentidos; economizar energia e aproveitar materiais reciclados. Além de custo baixo, tem a possibilidade de construção modular e utilizar mão de obra familiar em mutirão.
A construção pode ser feita com uma configuração inicial bem básica, adequando aos poucos conforme necessidades, disponibilidade de recursos, experiência e a criatividade de cada um. Embora não se saiba exatamente a durabilidade, (estima-se em 10 anos) de imediato os resultados são idênticos: Água quente, conforto e muita economia na conta de energia.
Desvantagens: Aquece menos, ocupa mais espaço no telhado; a durabilidade é menor, necessita de reservatório maior, esteticamente é menos apresentável que um industrializa em chapa metálica; por mais que capriche tem que ter cuidado com a fixação para evitar danos com os temporais, etc.
Teoria
O funcionamento de um aquecedor se baseia na absorção do calor do sol por um módulo coletor que transfere o calor para a água e a água aquecida para um reservatório termicamente isolado. Há dois tipos básicos de aquecedor. O passivo, onde a água é trocada automaticamente pelo efeito termo sifão, e o ativo que tem que utilizar uma bomba para forçar a circulação da água. Aqui vamos tratar apenas do termo sifão. Há também aquecedores especiais como os CPCs que concentram os raios solares e atingem altas temperaturas e tem aplicações mais específicas.
O espectro solar
O espectro solar é composto de ondas eletromagnéticas curtas, médias e longas. As ondas curtas são as mais penetrantes que atravessam o vidro, o plástico das garrafas, etc. O que faz gerar o calor é a vibração das moléculas do material que recebe o impacto destas ondas. O cobre é um metal que aquece bastante por ser denso e mole. Por isto é largamente utilizado em aquecedores.
“A conversão térmica ocorre quando a luz solar, especialmente seu componente infravermelho, (que contribui com metade de seu teor energético), é coletada na forma de calor pelo uso de um material absorvente (uma superfície metálica, por exemplo). A energia solar é uma excelente fonte de calor para temperaturas próximas do ponto de ebulição da água, já que o aquecimento da água contribui com mais da metade do consumo de energia”. Diferentemente de outros aquecedores artesanais, a chapa que vai dentro e embaixo das garrafas neste, é o que aumenta o rendimento. Para que a chapa receba as ondas curtas médias e longas é necessário deixar um espaço entre as garrafas. Daí o calor gerado penetra por condução e proximidade as garrafas aumentando o efeito estufa interno.
Termo sifão
Aquecendo a água ela fica menos densa; portanto mais leve; com isso ela tende a subir para a parte mais alta da coluna de água, indo parar na parte mais alta dentro do reservatório. Com a gravidade a água fria, mais densa tende a descer para a parte mais baixa do conjunto que é no cano do coletor, onde fica o dreno de limpeza. Isto ocorre enquanto a temperatura da água do reservatório for menor que a da tubulação coletora. A água vai trocando de posição subindo e descendo até que a temperatura se iguale à dos coletores; cessando o efeito termo sifão. Uma vez aquecida, a água fica parada dentro da caixa térmica até que haja diferenças de temperatura a maior na tubulação coletora. Enquanto a temperatura da coletora estiver igual ou mais fria, a água não sobe para a caixa térmica porque está abaixo e é mais pesada.
A disposição dos canos vai fazer com que esse efeito termo sifão funcione mais ou menos rápido com a mesma temperatura. Funcionando mais rápido o aproveitamento é melhor e aumenta a vida útil da tubulação. Observando a primeira foto, vemos que há um gargalo onde a água aquecida em vários canos se junta em um para retornar ao reservatório. Em sistemas maiores que 250 litros esse gargalo tem que ser diminuído, para que o fluxo melhore e consiga trocar mais rápida a água. Para isso, deve ter mais canos ou aumentar a espessura nessa tubulação de retorno.
A rotação da terra. Quando abrimos uma torneira e observamos a entrada da água pelo ralo, percebemos que ela gira em sentido horário, formando o popular corrupio. No hemisfério norte é o contrário. É um efeito pouco significativo, mas somando, vai ajudar o termo sifão melhorar ainda mais o fluxo da água entre o coletor e o reservatório. O retorno da água deve chegar em ângulo crescente, entrando de preferência pelo centro do fundo ou pela lateral esquerda e a saída, sempre pela lateral direita do reservatório térmico, aqui no hemisfério sul. Barra muito longa também sofre este efeito da rotação porque ele força a água para as extremidades.
Limite térmico: Cada tipo de aquecedor tem um limite térmico determinado pela configuração e material utilizado. Em sistemas com canos de PVC o aquecimento deve atingir em torno de 50 a 60ºC no máximo em duas horas. Se isso não ocorrer, tem que verificar possíveis falhas como pouca tubulação coletora, ar parado na tubulação ou disposição dos canos com baixa circulação. Temperaturas acima disto pode derreter ou comprometer a tubulação com vazamentos. Durante o verão pode ser necessário retirar algumas das chapas de captura que ficam sob o aquecedor para diminuir a temperatura máxima, e recolocar no período do inverno.
Componentes básicos
a-)Coletor
b-)Reservatório térmico.
c-)Tubulações extra de alimentação, distribuição e misturadores.
O Coletor solar
A placa coletora poder ser construída de várias formas e com vários materiais diferentes; vamos abordar alguns mais simples e de menor custo. Com canos de pvc, garrafas PET transparentes, caixinhas de tetra pack ou placa de madeira para isolamento térmico, esmalte sintético preto fosco e latas. Cada metro quadrado de chapa pintado de preto fosco absorve o equivalente a 750 watts, 1 HP de energia em forma de calor. Mas somente uma pequena parte é aproveitada. No coletor solar, talvez a gente consiga aproveitar entre 5% a 7% deste calor. Há outros meios de aproveitar mais, com o uso de bombas de calor. Pode utilizar garrafas de 600 ml, 1 litro e mais especificamente as de 2 litros. O cano de ½”, passa sem corte pelo gargalo das garrafas. No caso de não utilizar chapa por baixo das garrafas, o espaçamento dos canos pode ser reduzido até a largura das garrafas. Isto é feito colocando uma fileira ao lado da outra e verificando a medida do pedaço de cano necessário entre os “TEs”. Mas no caso de colocar a esteira, pode colocar entre as barras uma garrafa a mais só para definir o comprimento do pedaço de cano entre os “TEs” Em garrafas de 2 litros, deve ser mais ou menos 9 a 11 cm porque tem que contar com o espaço ocupado pelo encaixe do “TE”.
Reservatório térmico.
A principal função do reservatório térmico é manter á água aquecida para utilização além dos horários de captação do calor. Existem várias possibilidades de construção. Os industrializados utilizam dois reservatórios, um dentro do outro, sendo um de aço inox interno e outro de alumínio com um espaço entre eles preenchido com espuma rígida de polipropileno que serve de isolamento térmico. Tem ainda um pescador (flutuador) para captar água superior, mais quente e uma divisão onde fica a bóia de alimentação para que a água fria não se misture rapidamente com a aquecida durante o consumo. A distribuição é feita com a colocação de cano isolado e tem que se juntar em dois registros para poder misturar a água e controlar a temperatura antes de entrar no chuveiro. Como mostra nesta foto, neste registro amarelo abre a água quente e no registro já instalado na parede, abre a água fria.
Sugestões
Materiais: Tambor, caixa de isopor ou caixa de água comum, canos de pvc, conexões, registros, garrafas PET de refrigerantes, latas de tinta ou outras de 20 litros descartadas, caixinhas tetra paks de leite ou madeira reaproveitada, esmalte preto fosco, solvente, epóx, cola de cano, cola branca, cola de sapateiro, filme de alumínio, jornais, papelão, blocos ou tijolos, arame, fita de vedar rosca, massa de calafetar ou silicone, lixa, buchas, parafusos de fixação, braçadeiras, prego, luvas, detergente para lavagem e limpeza das mãos, chapas, garrafas e reservatório.
Comparando a bibliografia apresentada, verifiquei que a sugestão é de que para cada usuário deve se utilizar um aquecedor de 1 metro quadrado com 30 garrafas de 2 litros e 50 litros no reservatório térmico. Até então, minha sugestão vinha sendo de duas barras de cano inteira de 6 m para cada usuário; ou seja, 60 garrafas de 2 litros e 60 litros de água no reservatório térmico.
Ferramentas: As únicas ferramentas especiais são: termômetro, bússula e um pedaço de cano de ferro para aquecer e furar o fundo das garrafas; as outras são ferramentas comuns, como martelo, tesoura, estilete, alicate, furadeira, serra, etc.
Projeto: Para uma família com quatro pessoas, usar 14 barras coletoras de ½” com 4 metros de comprimento, pintadas de preto fosco, reservatório térmico de 250 litros, utilizando 290 garrafas de 2 litros, 276 pedaços de chapas de 10 x 15 cm pintadas de preto dos dois lados e umas 8 a 10 latas cortadas em forma de esteira. Se houver mais de um banheiro é melhor construir aquecedor individual para cada um, de forma que o reservatório quente fique instalado o mais próximo possível do ponto de consumo. Tem que ter de dois a três registros e tubulação para distribuição e alimentação do sistema. Tem que usar um registro para controlar a alimentação; permanecendo quase fechado e fechado quando estiver sem sol ou a noite, e os outros para controlar a temperatura misturando água para uso.
Corte as latas com uma tesoura de cortar chapa e um abridor de latas, abra a frente e o fundo com o abridor de latas e corte na emenda com tesoura.
Limpe, raspe com espátula, lave bem com detergente, solvente, etc., e seque ao sol. Pinte as chapas e fixe algum tipo de isolante térmico como madeira ou cole caixinhas sob cada chapa.
O calor absorvido pela chapa é dissipado 50% de cada lado no ambiente. Isolando bem o lado de baixo, dissipa a maior parte do lado de cima, atingindo em cheio as garrafas e os canos. Recorte e pinte pedaços de chapa de 10 x 15 cm de ambos os lados para colocar dentro das garrafas sob os canos.
Montagem passo a passo
 1-) Planeje, adquira e prepare todo material antes.
2-) Corte os canos no tamanho desejado. Evite emendas no coletor. Aproveite os pedaços para a distribuição e alimentação. Se desejar fazer emendas para aproveitar partes de canos, faça as emendas dentro das garrafas depois de colocadas as da primeira parte, de tal forma que a emenda fique dentro de uma das garrafas e não prejudique a inserção das demais.
3-) Pinte duas ou três vezes os canos cortados com esmalte dissolvido em solvente bem fino. Evite a formação de casca fofa com a tinta.
4-) Aqueça um pedaço de cano de ferro no fogo. Segure bem firme usando luvas de raspa de couro e perfure algumas garrafas pelo fundo com o cano aquecido. Introduza um pedaço de cano pvc imediatamente, e dê alguns giros por alguns segundos, até o plástico esfriar para não ficar resíduos endurecidos. Repita a operação para uma quantidade equivalente ao número de barras que for usar no coletor.
5-) Lave bem, e corte cuidadosamente o fundo das demais garrafas com estilete ou faca bem afiada próximo um centímetro do fundo.
6-) Corte latas em pedaços pequenos de 10 x 15 cm e pinte de preto fosco dos dois lados. Também, se for colocar esteira de lata por baixo, corte latas inteiras, retirando o fundo, a tampa e abrindo a lateral pela solda. Estenda a lata, esticando a em forma de esteira e pinte com camadas finas do lado de dentro com o esmalte.
7-) Depois que estiver pronto os canos, as garrafas e as chapas, cole um “TÊ” numa das pontas de cada barra.
8-) Insira a garrafa pelo furo do fundo do outro lado até chegar no “TE”, onde será a base do coletor.
9-) Depois pegue uma garrafa cortada e passe pela barra do lado do corte até chegar próxima do gargalo da primeira e antes de fechar com pressão, insira um pedaço de chapa dentro da garrafa por baixo do cano e pressione sobre a outra, fechando o espaço e a medida que for colocando uma sobre o gargalo da outra. Essas chapas e garrafas têm a função de formar estufas acumuladoras de calor ao redor do cano.
10-) Depois que todas as barras estiverem completas, com as garrafas e chapas inseridas, é necessário marcar um ponto de fixação com furo e amarração de arames ao meio do comprimento de cada cano. Se a barras for muito longa, colocar mais de um ponto de fixação. Este arame tem que passar por um furo numa garrafa e ficar com pontas longas o suficiente para amarrar nos parafusos ou madeiras do telhado. Se necessário fixe antes algumas barras de ferro ou madeira atravessadas para que possa fixar o conjunto coletor nestas barras.
11-) Depois que os arames estiverem colocados em cada barra e fechado os espaços, é hora de começar a colar os “TES” na base. Para colar os “TES”, é necessário que seja feito somente de um dos lados, com um pedaço de cano, deixando o outro lado encaixado para permitir que seja ajustado o alinhamento entre os “TES” numa segunda fase de colagem. Em seguida tem que fazer o mesmo nas outras pontas dos canos, na parte superior.
12-)O conjunto dos canos com garrafas deve ficar numa superfície plana para que os “TES” sejam alinhados com os canos e colados definitivamente. Temos que observar que a primeira barra da direita, em cima só vai uma curva, no lugar do “TE” e na base do último cano da esquerda também. Nesta fase já temos o coletor quase pronto. Ao lado do primeiro “TE” da direita em baixo vai entrar o cano que vem da base da caixa térmica e ainda tem que colocar o registro de manutenção ou um cap branco de rosca com fita vedante. No canto esquerdo em cima sai o cano que vai conectar a caixa térmica. Quando instalado, é necessário que esta saída de água quente fique um pouco acima do nível geral do coletor para evitar o estacionamento de bolhas de ar formadas durante o aquecimento. Essas bolhas devem fluir para dentro da caixa e sair pelo suspiro para não impedir o funcionamento. Pode ser necessário colocar um calço sob este canto. Basta conectar com a tubulação sobre o telhado.
13-) No telhado tem que instalar um cano que sai do fundo do lado direito (hemisfério sul) da caixa e entre na base do coletor. (OBS. A inclinação do coletor tem que ficar inclinado entre 20 a 30 graus voltado para a face norte. No hemisfério norte da terra tudo isto tem que ser invertido, porque lá a água gira ao contrário daqui e o coletor tem que ser colocado voltado para a face sul, que é por onde os raios solares iluminam.)
14-) Depois, um outro cano que tem que receber a água aquecida saindo do lado esquerdo (hemisfério sul) do coletor da parte mais alta. Aqui, volto a repetir: pode ser necessário colocar um calço de madeira ou bloco para elevar ainda mais esta ponta do coletor para evitar acumulação de bolhas de ar e entrando no lado esquerdo (hemisfério sul) da caixa acima do nível do cano de saída de água para a base do coletor. Esta entrada deve ser feita do lado contrário do de saída ou pelo centro do fundo e a diferença de nível em torno de 10 a 20 cm. Essa diferença de nível é que vai ajudar na circulação da água trocando a mais quente pela mais fria. Se for necessário, o furo na caixa pode ser feito no mesmo nível, mas a chegada da água quente tem que ter esta diferença que pode ser feita com um alongamento do cano virado para cima por dentro da caixa. A troca de calor só acontece enquanto houver água mais quente na tubulação coletora. A água aquecida nos vários canos fica menos densa e sobe para o cano de cima, onde se junta e vai para a caixa enquanto a água mais fria do fundo da caixa desce para a base do coletor pelo cano da direita ligado apenas na parte de baixo do conjunto. Este cano que desce também é revestido com garrafas, mas sem chapas por dentro. Isto é apenas para evitar perdas de calor enquanto a água desce, mas pode ser isolado termicamente colocando outro cano mais grosso sobre ele.
Esta é a parte mais baixa da instalação, onde pode acumular resíduos com o tempo de uso, daí a necessidade do cap de limpeza ou um registro. Dá para observar também como é feio o encaixe das garrafas cortadas sobre a furada e que as outras da tubulação que a água desce, apenas furadas e colocadas sobre o gargalo uma das outras. Poderiam ser substituídas por um cano mais grosso. A primeira garrafa de cada barra tem que ser inteira e furada no fundo; portanto sem chapa dentro. Se o sistema coletor for muito grande, deve se deixar partes encaixadas, para soltar, subir, juntar e colar quando estiver posicionado sobre o telhado.
Importante. A caixa térmica tem que ser instalado com 30 a 60 cm acima da parte mais alta do coletor. O coletor tem que ficar com uma inclinação de 22 a 33 graus. Mas esta inclinação varia conforme a região da terra. Se for mais ao sul ela aumenta e se for mais próxima do equador ela quase zera. Se o telhado não permitir isso, é possível fazer sobre um suporte de metal ou madeira, procure o melhor ângulo possível de insolação anual. Ver www.sociedadedosol.org.br o ângulo para outras regiões; ou descubra observando a sombra com uma vareta vertical durante os vários horários do dia, tirando uma média anual. Funciona também com ângulos menores ou maiores, diminuindo proporcionalmente a velocidade de troca ideal de água e calor. Em região muito fria, uma alternativa é construir o aquecedor solar, com canos de cobre estanhados ou colados nos encaixes em forma de sanduíche entre chapas finas. Para fazer um aquecedor com canos de cobre pode cortar latas de 20 litros em forma de esteira e fazer uns cortes de uns 7cm a cada 5 cm e passar o cano entre um e outro lado da chapa nos cortes, inserindo uma chapa atravessada no mesmo sentido do cano com a mesma largura do corte cobrindo o cano. Para evitar oxidação pode revestir com um tecido de algodão embebido em piche aquecido. Instalar onde e de forma que possa esvaziar somente a tubulação coletora à noite em períodos com risco de congelamento.
Montagem do reservatório térmico
A montagem é semelhante em qualquer tipo de reservatório. O que diferencia é o material, tamanho e isolamento térmico. Os encaixes são para cinco canos.
A-)Um bem na base onde a água mais fria saí para o aquecedor.
B-)Outro um pouco acima ou com uma extensão para que a água quente retorne num nível mais elevado.
C-)Outro ao meio, ligado a um flutuador para capturar água mais quente para consumo.
D-)outro para entrada de alimentação com ou sem bóia A colagem dos canos de distribuição também deve ser feita com isolamento térmico. Isso pode ser feito colocando o cano de meia polegada dentro de um de 3/4”, ou revestido com algum material térmico  descartado.
E-)Outro para suspiro, que deve ir até fora do telhado para evitar formação de vapor sob o telhado e prejudicar o madeiramento ou até mesmo as telhas. O isolamento térmico do reservatório deve ser feito de forma que evite a perda do calor da água. Quanto melhor este isolamento, mais tempo vai conservar a água quente disponível. Tem várias possibilidades como com madeira, pó de serra, isopor, espuma sintética, papel, tetra-pack, etc.
Tambor. Algumas pessoas utilizam tambor descartado de produtos alimentícios, isolando o com algum material térmico. Isopor (EPS). Com caixa de isopor bem resistente, é possível fazer um reservatório térmico bem simples e que mantém a temperatura por um longo período. Com um cano de ferro aquecido no fogo ou ferro de soldar, faça cinco furos. a-)um para entrada, b-) um para saída, c-) Alimentação, d-) suspiro e e-) distribuição. Coloque um pedaço de ponta de cano com a bolsa que permite inserção de outro cano para colagem em cada furo e fixe bem, enrolando epóx no cano e apertando por dentro e por fora. Deixe secar bem. É necessário vedar com algum produto como Vedatop, Vedajá, Cicatop, Viaplus 1000, etc... A Sociedade do Sol conseguiu a utilização de um plástico pneumático, fornecido pela empresa Sansuy. Eu apliquei Vedatop por dentro da caixa após a secagem do epóx nas experiências. Funcionou muito bem.
Caixa dágua. Têm algumas caixas de pvc dupla camada com tampa de rosca que servem para armazenar água quente e mantém por algum tempo. Embora não seja material descartado é uma das melhores opções por causa de volume. Também tem que ser isolada com revestimento térmico para conservar a temperatura por mais tempo, assim como o tambor. Veja o isopor branco entre o concreto e a base da caixa. Também poderá ser revestida com espuma sintética. Pode se empregar caixas antigas de amianto. O tambor metálico é o menos recomendado por perder temperatura muito rapidamente no inverno e enferrujar com pouco tempo de uso, devido ao cloro que tem na água. Suspiro: Nunca se esquecer de colocar suspiro para sair a pressão e o vapor formado dentro da tubulação e do reservatório. Na África muitos usuários reclamaram porque o vapor apodreceu o telhado das casas de sapé. Então, nestes casos este suspiro tem que ir até fora do telhado.
Pescador: Um pescador de superfície pode ser instalado, de forma que a boca de captação flutue acompanhando o movimento de subida e descida da água para captar sempre a água mais quente que fica na parte mais alta da coluna de água. É interessante quando a coluna é alta. Esse flutuador pode ser construído com uma mangueira e um vidro vazio amarrado com fio de cobre ou arame e um pedaço de metal de contra peso.
Alimentação do reservatório térmico. A alimentação tem que ser feita com uma bóia e um registro de controle ou, se a outra caixa ficar no mesmo nível que o reservatório térmico, não será necessário bóia extra; pois a mesma bóia da caixa poderá manter o nível da água em ambas. Em qualquer caso, é necessário o registro do cano que leva água para a caixa térmica para que a água não fique agitada indo e voltando pela tubulação conforme a flutuação da bóia causando perdas de calor. Recomendamos colocar uma luva de união ao lado dos registros para que se precisar substituir não tenha que cortar o cano.
Instalação do reservatório. O reservatório térmico pode ser instalado fora do telhado com um suporte feito de ferro, madeira, alvenaria ou concreto e nesse caso tem que ser protegido contra a degradação do ambiente, ou dentro do telhado, se tiver altura suficiente para colocá-lo num nível acima da parte mais alta da tubulação coletora em torno de 20 a 60 cm. É necessário fazer uma base de madeira ou alvenaria para assentá-lo bem próximo das telhas e conseguir alguma diferença de nível acima da parte mais alta do coletor. Fixe o coletor sobre o telhado numa posição adequada, observe a inclinação crescente da tubulação e funcionamento, se tudo estiver correto, feche a alimentação espere esvaziar e cole as conexões que estavam apenas encaixadas. As barras coletoras não podem ser colocadas no sentido transversal da água do telhado para não entortar quando aquece e amolece. As duas conexões com a caixa térmica podem ser feitas com luvas de união para facilitar separação das tubulações coletoras.
Para fixar o coletor no telhado use arame de aço ou cobre para amarrar os canos e chapas nas ripas ou parafusos com várias voltas, por baixo das telhas, de forma que fique bem encaixado, e o vento dos temporais não venha a arrancar o conjunto e nem as telhas. Se as barras forem maiores que três metros, convém intercalar pontos de fixação para amarrar o cano também pelo meio.
Distribuição. Por último, um bom isolamento térmico da tubulação de distribuição. A eficiência do isolamento térmico depende da espessura, da porosidade, da distância, da qualidade do serviço e do material utilizado. A distância entre o reservatório térmico e o ponto de consumo deve ser a menor possível para minimizar perdas de temperatura e água no percurso enquanto regula a temperatura para o consumo. Se já existir um chuveiro instalado, faça um furo na laje ou na parede lateral, colocando o registro para misturar a água através de um “T” metálico junto à saída do cano de alumínio do chuveiro. Combinando a abertura dos registros de água quente e fria, controla a temperatura para uso. Como as pessoas podem exagerar na temperatura, os chuveiros plásticos tendem a entupir os furos porque o plástico dilata e vai fechando os furinhos com o tempo, tem que serem limpos e reabertos com agulhas. Se estiver em construção, toda esta tubulação pode ser embutida, com registros e canos de qualidade, causando um melhor aspecto visual e maior durabilidade. O registro de água quente ficando próximo do chuveiro como na esquerda, encurta o caminho da água, aproveita mais o calor e diminui risco com crianças.
Chuveiro. O chuveiro deve continuar instalado na rede elétrica. Em dias nublados, muito frios ou chuvosos, a temperatura da água poderá ficar inferior ao desejado. Para elevar a temperatura a um nível confortável é só ligar o chuveiro no modo verão que a temperatura será complementada, e caso seja excessiva é só misturar um pouquinho da água fria para diminuir o excesso de temperatura. Se a temperatura ainda for insuficiente, ligar no modo inverno. Nesse caso, o consumo vai ser igual se não tivesse o sistema de aquecimento, mas talvez mais confortável por ainda restar algum calor na água do reservatório térmico. Pode necessitar de disjuntor extra ao lado para desligar o chuveiro, porque a água estando muito quente, em alguns modelos o plástico amolece e não desliga na própria chave. No inverno, aconselhamos manter todas as chapas coletoras sob o conjunto coletor e fechar o registro de alimentação após o por do sol para manter a temperatura por mais tempo, sem misturar água fria no reservatório enquanto consome durante a noite. Não esquecer de abri-lo novamente quando o sol sair ou depois que todos tiverem tomado banho. Este registro de controle deve ficar bem acessível. Cuidado com as chapas sob a tubulação que no verão dependendo da região pode derreter tudo que for de plástico.
Torneira. A torneira pode ser instalada somente com água quente se tiver outra de água fria ao lado como nas pias de cozinha, ou com misturador semelhante ao chuveiro com dois registros. Tem lavatório que já vem com registros misturadores.
Piscina. Para aquecer piscina é interessante construir vários aquecedores com bastante tubulação de captação e utilizar bombas de circulação forçada para ir trocando a água da piscina simultaneamente com o aquecimento na tubulação coletora. Se o coletor puder ser colocado abaixo do nível da piscina funcionará pelo efeito termo sifão, dispensando preocupação com funcionamento, consumo de energia, derretimento dos canos e o uso da bomba. Tem que ter coletor proporcional à quantidade de água que vai aquecer com várias entradas e várias saídas de água para circular mais rápido e já distribuir o calor pela piscina toda.
Como a temperatura pode ser apenas um pouco mais alta que a normal pode usar uma garrafa coletora para cada 5 litros de água.
Comentários
Os canos de PVC, e o expóx têm nas suas formulações aditivos que podem alterar a potabilidade da água. Nas semanas seguintes de uso, já entra em regime de potabilidade, apresentando somente traços destes aditivos. Assim recomenda-se que o usuário não a utilize para cozinhar ou para beber. Além desse cuidado aconselhasse que sempre que o sistema ficar inativo por sete dias ou mais (ausência de moradores, férias, etc.) toda a água do reservatório seja trocada. A água parada, mesmo quente, apresenta condições para o desenvolvimento de microorganismos que podem ser nocivos.
Crianças e idosos: OBS: IMPORTAMTE, CUIDADO COM AS CRIANÇAS E PESSOAS IDOSAS PARA NÃO SE QUEIMAREM DURANTE OS PRIMEIROS BANHOS, ATÉ APRENDEREM A MISTURAR CORRETAMENTE A ÁGUA PARA USO.
Manutenção
Sempre que for viajar ou deixar a casa por alguns dias feche o registro de alimentação do reservatório térmico para evitar acidente, se bem que isso é recomendável também para o registro geral de água, gás e chave de energia. O aquecedor solar é um equipamento que não necessita de muita manutenção e reparos. Entretanto recomenda-se atenção no decorrer de sua utilização; vazamentos, entupimentos, deslocamentos, etc.
Dos coletores. Inspeção visual: Uma vez por ano analise a superfície negra e a região colada, porém sem forçá-los. Procure rachaduras ou descolamentos nessas regiões. Abra o cap inferior para escoar resíduos acumulados. Observe a cor da água. De início marrom, devido aos depósitos de barro e outros materiais dentro dos dutos de PVC. Pouco tempo depois ela clareará e o Cap já poderá ser recolocado e reapertado à mão com um pouco de veda rosca para evitar vazamentos.
Da superfície negra: Os coletores deverão ser repintados de tempos em tempos, dependendo da região do Brasil e de sua insolação. A tinta preta fosca sintética pode operar bem até cerca de 4 anos quando totalmente exposta às intempéries.
Do reservatório térmico e da caixa de água inclua inspeção e limpeza.
Esta operação de limpeza é obrigatória para qualquer tipo de caixa de água. No caso de aquecedores solares esta limpeza é ainda mais importante diante da potencial facilidade com que algas e bactérias se multiplicam em ambientes mornos a quentes.
Conclusão
Vale a pena investir em aquecedor solar, seja ele industrializado ou artesanal. No industrializado o que recomendo é não ligar a resistência do boiler e manter o chuveiro elétrico para não ter que aquecer todo volume do boiller quando faltar calor, usar a resistência do chuveiro fica bem mais barato e não há tanto desperdício. Além da perda normal da temperatura no reservatório térmico, tem também a questão que quando o sol retorna a água já está aquecida e deixa de aproveitar esse ganho de temperatura.
Muitas pessoas reclamam que o aquecedor solar industrializado não faz tanta economia, mas são por estas questões. Geralmente as empresas que instalam o sistema deixam sem chuveiro elétrico, porque tem uma resistência com termostato que aquece a água caso ela baixe a temperatura a menos de 40ºC e abaixo desta mínima não são absorvidas do sol. Se não tiver sol e ninguém usando o sistema fica consumindo energia a toa só para manter a água aquecida. Tem algumas empresas que até colocam uma chave para que o usuário desligue esta resistência manualmente quando não estiver usando.
O sol é uma dádiva divina. Ele pode substituir todas as fontes de energia. A natureza agradece e seu bolso também. Divulgue esta ideia. Ela faz bem para você, para o país e para todo mundo; pois evita o efeito estufa.
 
Fonte: Antonio Corrêa Carlos Filho

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