Hidropônicos x Orgânicos


Considerados mais saudáveis do que os alimentos convencionais, eles disputam lugar na mesa do brasileiro.
Se alguém lhe oferecesse uma salada com folhas e legumes orgânicos e outra com hidropônicos, você seria capaz de reconhecer a diferença? Provavelmente não. Depois de prontos, os dois tipos de alimento parecem iguais. Mas, tirando o fato de ambos serem indicados como opção saudável por nutricionistas e médicos, eles têm pouca coisa em comum e proporcionam benefícios bem diferentes. Nos últimos anos, travam uma briga natural e crescente entre si e confundem os consumidores sobre quem é quem. Para entender definitivamente a origem e a essência desses produtos e saber se deveriam mesmo substituir os convencionais, conversamos com o agrônomo Ricardo José Schiavinato, da Associação de Agricultura Orgânica de São Paulo, e o especialista em Hidroponia Sylvio Luís Honório, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade de Campinas (Unicamp).
De onde eles vêm
A grande diferença está na sua origem, na forma como são cultivados. Os hidropônicos não precisam da ajuda do solo para crescer. Em estufas transparentes, que permitem a passagem de luz e podem ser colocadas até no quintal de casa, a raiz de legumes e verduras é mergulhada em solução nutritiva (água e adubo químico solúvel). "Este sistema dificilmente precisa de aplicação de defensivos agrícolas", garante Sylvio.
Já os orgânicos são cultivados na terra, porém à moda antiga, sem o uso de adubos químicos e agrotóxicos. Os agricultores utilizam recursos da própria natureza, preservando o meio ambiente, mesmo quando a plantação é atacada por pragas. "Recorre-se ao uso de plantas conhecidas como inseticidas naturais, que não causam prejuízos ao ser humano, ou predadores (fungos e insetos) comuns à cadeia alimentar da região", explica Ricardo.
A higiene é o argumento mais forte de quem defende a hidroponia. Além de não serem expostos a microorganismos encontrados na terra, como coliformes fecais (restos de fezes), os alimentos cultivados em água são embalados imediatamente após a colheita. Isso evita o manuseio do produto até chegar ao consumidor. Os hidropônicos costumam ainda ser mais bonitos e resistentes. "Como são vendidos com a raiz, perdem menos água e duram até cinco dias a mais na geladeira", explica o professor da Unicamp.
Diferenças indiscutíveis
Os orgânicos, por sua vez, têm a produção controlada por órgãos que emitem certificado de qualidade, após avaliação dos locais de plantio. Portanto, obedecem normas rígidas que garantem, entre outras coisas, a inspeção periódica da água, do solo e dos produtos. Embora não exista comprovação científica, há quem diga que são mais saudáveis. "Ao preservar a natureza, aumentam até 50% seu valor nutricional", acredita Schiavinato. Mas antes de fazer sua escolha é importante saber também que há pontos fracos tanto em um como no outro. No caso dos hidropônicos, a falta de monitoramento rigoroso do PH (nível de acidez) da água e da concentração de nutrientes poderia comprometer as plantações e, depois, a saúde das pessoas. Em relação aos orgânicos, a carência de pesquisas por parte dos agricultores para saber se o solo e o clima são propícios a determinadas plantações impede que a produção cresça e seja aperfeiçoada. Também é isso que faz um tomate orgânico ser menor e mais feio do que o convencional. Em relação ao preço, ambos deixam a desejar. O modo 'artesanal', a concentração de plantações no sudeste do Brasil, entre outros aspectos, tornam esses tipos mais caros. E então, quem vence a parada? Confira a seguir o raio X de cada um deles.
Hidropônicos
Origem: surgiram com estudos de agrônomos sobre a fisiologia vegetal. Em 1930, um pesquisador da Universidade da Califórnia nos Estados Unidos foi o primeiro a comercializar o produto. No Brasil, a hidroponia chegou ao mercado só em 1987. E o 1o Encontro de Hidroponia Nacional foi realizado em 1995, na Universidade de Campinas (Unicamp).
Particularidades: também podem ser plantados em sistemas abertos, sem o auxílio de estufas - apenas com luz, água e adubo químico. Mas, neste caso, as plantações ficam mais suscetíveis ao ataque de pragas e às variações de temperatura. E, nesse caso, os defensivos agrícolas têm que entrar em cena, não podem ser dispensados.
Produtos mais comuns no Brasil: diferentemente do que muitos imaginam, a hidroponia não é aplicável apenas às folhas. A alface ainda é a mais cultivada, mas também existem repolho, couve, pepino, berinjela, melão e arroz, entre outros.
Onde comprar: especialmente em feiras livres e supermercados. Dica: de acordo com lei brasileira vigente desde 2002, sobre as boas práticas em produção agrícola, esses alimentos precisam estar acondicionados e com informações completas e visíveis sobre sua procedência. As embalagens também devem ser feitas de material lavável e, se forem descartáveis, outra exigência é que sejam recicláveis. Tudo pelo natural!
Orgânicos
Origem: seu conceito começou a ser divulgado entre 1925 e 1930. Mas a produção, na prática, teve início a partir da década de 80, atingindo o auge nos anos 90, com o crescimento de pesquisas em prol do desenvolvimento sustentável e das normas agrícolas ecologicamente corretas.
Particularidades: quem acha que o termo abarca apenas frutas, legumes e verduras talvez se surpreenda ao encontrar leite, queijo e até carne orgânicos. É que esses produtos vêm do que se tem chamado de boi verde, animal encontrado principalmente na região centro-oeste do país e criado da maneira mais natural possível. Acredite: entre outros mimos, o bichinho é tratado com homeopatia, o que garantiria maior saúde para ele e, conseqüentemente, para a carne que é consumida.
Produtos mais comuns no Brasil: alface, rúcula, agrião, berinjela, milho, cenoura, tomate, morango, carnes, leites, cogumelos, mel e queijos.
Onde comprar: hoje existem feiras especializadas neste tipo de alimento, que são realizadas principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro (os dois maiores mercados internos de orgânicos). Também podem ser encontrados em supermercados e algumas lojas de produtos naturais. A novidade são os serviços de entrega em casa: só na capital paulista já existem pelo menos 15 deles à disposição.
VEJA ABAIXO AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE HIDROPÔNICO E ORGÂNICO
HIDROPÔNIA
*Produção de alimentos sem o uso do solo.
*Plantas recebem agrotóxicos. 
*Plantas precisam receber fertilizantes químicos, devido à ausência de solo.
*Eventuais excessos de nutrientes ou impurezas na solução nutritiva podem se acumular no produto hidropônico.
*Plantas com metabolismo desequilibrado, suscetíveis ao ataque de pragas e doenças.
*A beleza garante ao consumidor que o produto é saudável.
AGRICULTURA ORGÂNICA
*Produção do alimento no solo.
*Plantas não recebem agrotóxicos.
*Plantas recebem apenas fertilizantes orgânico ou minerais moídos.
*O solo filtra e neutraliza as eventuais impurezas e a planta aproveita os nutrientes sem acumular excessos.
*Plantas com metabolismo equilibrado são mais resistentes a pragas e doenças.
*O sistema de produção certificado garante ao consumidor que o produto é saudável.  

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